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Mais um pouco

Minha mania de guardar papéis da vida toda às vezes serve pra algo. Eis um pouco mais da Lara de Lemos, como prometido. Encontrei em folhas amareladas, copiados à caneta. Posto alguns deles, já que tem bem mais que o que lembrava.

Vidafora

Tudo o que vivi
Vidafora
pranto
pressentimento
cansaço
febre tersã
terçol
torcicolo
tropeço
dor de corte 
cotovelo
dor de dente
dor de vazio
de abandono
de ferida
de apostema
foi semente
deste verso
foi adubo
de poema.
********
Urdidura do canto

Vivo de olhos atentos. 
No meio do vento
recomponho palavras
coso pensamentos.
Escondo minhas asas
nas telhas do tempo.
********
Poema do amor demais

Que faço do meu poema
Recado para ninguém?

Que faço dessa canção
nos limites do caminho
- esquife, cal, terra, chão?

Que faço do vôo cego
dessa fúria
dessa sanha
de abraçar o inabraçável
e transcender o meu ontem?

(Amar é transbordar 
é transgredir
é ampliar-se
até as imprevisíveis fronteiras
do homem)

Que faço, por Deus, que faço
dessa dor do muito?
********
Da alegria

Todos os ontens passaram
sem deixar traço
ou traça

Agora só amanhãs
claros, simples
de graça.


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Tu

Teu sorriso aberto é ninho Abraço largo de pousar. Leito ombro peito Olho atento brilho morno no mirar. Cada passo, cada traço Ler teus braços. Navegar.
Professar, profetar, procurar Pouco a pouco adentrar Pequeno, grande, infinito particular Muitas mentes, muitas vidas Muita alma pra explorar. Ser, viver, humanizar. Ser brincante, ensinante E aprendente no flutuar.
Um castelo de areia é construído com muito esforço, às vezes um vento, a água, ou algum desavisado atrapalha, faz voltar atrás,  e a gente refaz, com calma e carinho, e quando parece que enfim ele está firme, bem construído, apesar de alguns detalhes imperfeitos, aí vem a chuva forte.