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Mostrando postagens de setembro, 2008

Infância

Os soldadinhos de brinquedo têm medo da guerra? Querem voltar pra casa quando em batalha? As bonecas choram? O próprio abandono, a saudade de casa, o desequilíbrio, a cara rabiscada? O corte que expõe as entranhas, o membro mutilado? O vestido sujo, rasgado? No vaivem do balanço, eram a boneca, o soldado... Não mais.

Brigitte Bardot

a saudade é um trem de metrô subterrâneo obscuro escuro claro é um trem de metrô a saudade é prego parafuso quanto mais aperta tanto mais difícil arrancar a saudade é um filme sem cor que meu coração quer ver colorido a saudade é uma colcha velha que cobriu um dia numa noite fria nosso amor em brasa a saudade é brigitte bardot acenando com a mão num filme muito antigo A saudade vem chegando A tristeza me acompanha! Só porque... só porque... O meu amor morreu Na virada da montanha O meu amor morreu Na virada da montanha E quem passa na cidade Vê no alto A casa de sapé Ainda... A trepadeira no carramanchão Amor-perfeito pelo chão Em quantidade... (Zeca Baleiro)

Procrastinação

às vezes tenho muito pra falar, e nada acontece. mantenho-me calada, o verbo volta da garganta, transforma-se em formigas no estômago. às vezes tenho o mundo a andar, e nada acontece. mantenho-me imóvel, o peso do corpo deixa os pés, sento, repouso, esqueço. às vezes tenho dezenas de cartas, emails, bilhetes, recados, que quero escrever, mas ao invés disso, nada acontece. mantenho-me muda, as tentativas transformam-se em rabiscos, desenhos infantis e cheios de espirais, ou, repetidamente, palavras soltas que só eu sei o que significam. às vezes, tenho tudo a fazer, e nada acontece. medrosa, preguiçosa, mantenho-me ali, no mesmo lugar de antes. paro, estaciono, até que não saiba mais onde ir. ou, que não haja mais tempo, e tudo é feito da forma mais rápida e que não me satisfaz. Desde há algum tempo, a procrastinação me é um sério problema.
Balada de Agosto Lá fora a chuva desaba e aqui no meu rosto Cinzas de agosto e na mesa o vinho derramado Tanto orgulho que não meço O remorso das palavras Que não digo Mesmo na luz não há quem possa Se esconder do escuro Duro caminho o vento a voz da tempestade No filme ou na novela É o disfarce que revela o bandido Meu coração vive cheio de amor e deserto Perto de ti dança a minha alma desarmada Nada peço ao sol que brilha Se o mar é uma armadilha Nos teus olhos (Zeca Baleiro)

Processo

Meu processo criativo geralmente é meio bagunçado e poluído... ******** Esperar até que algo aconteça... as escadas já estão no fim não levam ninguém a lugar algum. Ou carregam, em si, pedaços da perda, do ontem, da falta (cada pedaço é só um pedaço). Qual seria a medida da vontade? Em que peito vai doer a minha dor? As batidas na porta - e os passos de madrugada - calar-se-ão e perderão a cor (a cor da casa e das paredes) O verde morto da falta de desejo. Eu queria poder subir mais, ao menos um pouco, só um pouquinho mais. Ou, talvez, ir até o céu. (pra que toda estranheza ficasse pra amanhã...) Quem vai pro céu? (quem é o céu?) O banho quente já não serve, é pouco mais que um suspiro. Só preciso de um segundo pra saber porque. (Nenhum lugar... é melhor que o fim).

Semana

De sábado passado até o próximo, aparecerei pouco. É Semana Farroupilha. Apesar de considerar o motivo disso tudo um tanto contraditório, o espírito de união e as reuniões gastronômicas dessa época valem a pena... Ou seja, nessa semana, estarei mais fora de casa, nos acampamentos. Mais adiante, pra quem não conhece essa manifestação cultural aqui do sul, posto algumas fotos.

Contradição

Não te enxergo, mas te vejo. Não te toco, nem te abraço, mas sinto teu cheiro e mergulho os dedos nos teus cabelos. Não te ouço, mas tua voz ecoa no meu sono e na minha insônia. Não te digo nada, mas quero que saibas de tanta coisa. Não sei o que quero, e o que queres nem quem és, mas sei que te quero bem. E sei que te quero perto. E sei que te quero. 

(An)dança

a dança dos corpos dos olhos dos lábios o movimento das mãos das vestes dos sons a vida  posta exposta esquecida só passada, vivida escondidos, dançamos, com os corpos, com os olhos, com os lábios. nos movemos,  suspiramos, respiramos,  resistimos e a vida, dança, move-se, suspira, conspira compõe-se alimenta-se de nós, os corpos, os olhos, os lábios, os suspiros, respiros,  as danças, os sons a vida dança e nos embala no dois e dois de suas canções.

(Mu)danças

O mundo muda Nós mudamos. Eu, você, nossos desejos nossas preferências, nossas palavras mudam. Nosso jeito de dizer estas palavras muda. Continuamos a ficar mais velhos, mais saudosos, com os olhos postos  ainda um no outro. E o mundo, e as coisas, mudam, sem parar. E nós, mudados, não mudamos  o destino das palavras.  Mudadas palavras mudas.

Mais um pouco

Minha mania de guardar papéis da vida toda às vezes serve pra algo. Eis um pouco mais da Lara de Lemos, como prometido. Encontrei em folhas amareladas, copiados à caneta. Posto alguns deles, já que tem bem mais que o que lembrava. Vidafora Tudo o que vivi Vidafora pranto pressentimento cansaço febre tersã terçol torcicolo tropeço dor de corte  cotovelo dor de dente dor de vazio de abandono de ferida de apostema foi semente deste verso foi adubo de poema. ******** Urdidura do canto Vivo de olhos atentos.  No meio do vento recomponho palavras coso pensamentos. Escondo minhas asas nas telhas do tempo. ******** Poema do amor demais Que faço do meu poema Recado para ninguém? Que faço dessa canção nos limites do caminho - esquife, cal, terra, chão? Que faço do vôo cego dessa fúria dessa sanha de abraçar o inabraçável e transcender o meu ontem? (Amar é transbordar  é transgredir é ampliar-se até as imprevisíveis fronteiras do homem) Que faço, por Deus, que faço dessa dor do muito? ******** Da

Lara

Li algumas coisas da Lara de Lemos, que até então não conhecia, quando estava já no ensino médio. Junto com o Quintana, ela é certamente um de meus poetas favoritos. Lembro que a maneira de Lara de compor os poemas ficou marcada em mim e influenciou em muitas de minhas tentativas literárias, desde então.  Agora, há tempos não lia nada escrito por ela. Por isso, busquei algo na internet, e posto aqui. É algo pra ser dividido com outros. Amor/ódio O amor nos dói nos mói nos fragmenta. Difícil compreendê-lo entre mós e moendas. Onde somos o sumo de algo triturado. Difícil amar assim cortado  em meios. ************** Ás vezes as palavras se armam de gumes agudos, lâminas de aço, ira de gatilhos, alçapões de pássaros. É preciso esquecer o passado, o pânico de perder o abraço, o momento de doer da ausência, o remorso. Destruir um amor antigo requer ímpeto, fúria, cólera, sigilo. Desferir a seta no exato momento de atingir o alvo e despedaçá-lo. Achei poucos poemas dela na internet. Por estes

Sábado, 23:30

Dordegargantasonosemvontadededormirfrionospésenosdedosdasmãos computadortravadotosseescurosolidãonoturnafaltadeassuntodownload quenuncaacabaleiturasemblogsinteressantesounãofonesdeouvidopra nãofazerbarulhovontadedeescreverdeconversarcomalguémquenãoestá precisobotarpijamaprecisoescovarosdentesprecisoirpracamalogologo precisodormirmasnãoquerovontadedecomersemfomevontadedeviajar semdinheirovontadedefugirsemcoragemvontadedenadaedetudocada coisaaseutempocadaqualcomseuigualcadamacaconoseugalhocadaum sabeacruzquecarregafrasesfeitaspalavrasinúteisfrasesquedizemnada tentandodizertudoeonadaeotudosãoamesmaporcariamesmamesma coisasempresemparadasemdescansosemsossegosemsemmotivospra rirsemmotivosprachorarsemnadaprapensarsemteroquedizersópalavras agrupadasilegíveiscansativasvagasnãovaziasapertadassussurradas gritadascoladasnadademaissóabrigacomosonodisfarçadadeinsônia.

Casulo

Há um bom dia nos olhos do sono abrindo-se na cauda do bicho com dor. Dormente, confuso, trancado à chave. Envolto na seda. Entranhas roídas da causa dos medos. A queda na grama. Gramado de carne  - não dói. ******** Do tempo dos casulos na faculdade, em algum dia de 2004.

Sonho

Um sonho As coisas mesmas, todas elas repetem-se em todos os sonhos. O mesmo lugar, desde sempre. Estrada de chão batido, terra vermelha, pedregulhos. Caminhada. ******** Desde criança sonho com o mesmo lugar. Um lugar em que nunca estive. Às vezes não é exatamente igual, mas sei que faz parte daquele mesmo lugar. 

Porém,...

********** Pássaro azul, eu sei que o tempo não pára. E que só esperar que ele passe não é justo com ninguém. Menos ainda contigo, que tem asas. Asas que não quero cortar. Quero fazer-te livre. Quero que voes, que vejas o mundo lá de cima. E me contes depois. Meu medo, pássaro, é que esqueças de mim. **********
Não consigo prometer nada. Nem decidir nada ainda. Quero, fazer uma longa viagem, observando cada pedaço do caminho. ******** E não vou fugir, não posso fugir, o que posso, por hora, é oferecer meu silêncio, meus olhos, meu pensamento. ******** Conheci um lugar lindo e agradável no sábado, no interior de Iraí, cidade vizinha de Ametista. Na ocasião, estava de vestido de prenda, vestimenta feminina tradicional do Rio Grande do Sul (caso alguém fique em dúvida). Aproveitei pra fazer umas fotos.