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Mostrando postagens de agosto, 2008

Por quê?

Escrevo pra dizer o que a voz não diz. Escrevo pra, depois, saber a quantas andava meu coração. Escrevo pra tentar entender e ultrapassar. Escrevo pra mim, sempre. E pra outros poucos, algumas vezes. Escrevo pra perguntar, e/ou pra responder. Escrevo pra mostrar que gosto, não sou boa de outro jeito. Escrevo pra fugir, ou pra assumir de vez. Escrevo porque preciso, e nas letras, desfaço-me de muito do que não quero. Escrevo pra dizer o que quero. E pra tentar aceitar quando o que quero não é possível. Escrevo pra falar a verdade, e pra contar minha história. Escrevo pra sair um pouco de mim e observar-me lá de fora.

Deslocamento

Minha casa não é minha, e nem é meu esse lugar.

Elurofilia

O gato é uma lição Já viu gato amestrado, de chapeuzinho ridículo, obedecendo às ordens de um pilantra que vive às custas dele? Não! Até o bondoso elefante veste saiote e dança a valsa no circo. O leal cachorro no fundo compreende as agruras do dono e faz a gentileza de ganhar a vida por ele. O leão e o tigre se amesquinham na jaula. Gato não. Ele só aceita uma relação de independência e afeto. E como não cede ao homem, mesmo quando dele depende, é chamado de arrogante, egoísta, safado, espertalhão ou falso. "Falso", porque não aceita a nossa falsidade com ele e só admite afeto com troca e respeito pela sua individualidade. O gato não gosta de alguém porque precisa gostar para se sentir melhor. Ele gosta pelo amor que lhe é próprio, que é dele e ele o dá se quiser. Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não entende o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa essa relação precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se rela

O coração

Eu já confiei em pessoas que me decepcionaram muito, depois. Já deixei meus sentimentos muito à mostra, tão à mostra que me tornei vulnerável. É bem provável que seja por isso que, hoje, tenho dificuldade de falar ou demonstrar amor. ************ Em muitas das vezes em que as portas ficaram abertas, passou um vento forte que deixou tudo de pernas pro ar. Apesar disso, não deixo de amar. Não quero parar de amar, jamais. ************ E as portas, mesmo que lentamente, abrem-se e deixam passar a luz. Ao menos é assim que quero que seja. ************ Eu sinto saudades.

Azul

A terra é redonda e imensa. E azul, segundo os satélites e os homens astronautas que a viram do espaço. Será que o pensamento e o verbo acontecem ciclicamente, transformando-se, um dia, em estrelas, constelações, galáxias? Não sei. Assim, tento transformar tudo em poesia.

Auto-retrato (agora)

Já fiz muita coisa errada. Impaciente, fiz coisas sem pensar, pensando só na urgência das minhas vontades. Impaciência é um mal meu. E confusão também, ao tentar descobrir, bem rápido, o que fazer. Mas, muitas vezes não sei. Nem o que pensar, menos ainda o que falar. O silêncio é o meu modo de viver muitas coisas, não sei se por vergonha, por medo, ou por falta do que dizer mesmo. A verdade é que às vezes fico com raiva por não falar o que deveria ser dito. Sinto que tenho algo a dizer, mas, quando é hora, raramente sei por onde começar. Por isso fico em silêncio. No máximo, monossílabas ou algumas palavras sem muito peso, amenidades. Ou sorrisos, simplesmente. Sorrisos silenciosos. ************* No momento, ando sem saber pra onde ir. Minha existência é, agora, um tanto morna, coisa que, por pouco tempo, até aceito. Não sou infeliz assim, desde que isso não se prolongue demais.
Olho para a frente. E há pouco que permita ser visto. Nada, nada de nada acontece. Por quanto tempo? Não tenho conseguido escrever quase nada ultimamente... talvez seja tempo de dar uma pausa... ou colocar mais imagens do que palavras aqui. Foto de uns quatro anos atrás, mais ou menos.

Sobre a paixão

Tenho tentado escrever sobre a paixão. Mas não estou satisfeita com o que fiz até agora. Por isso, decidi postar aqui um trecho de um dos livros que estou lendo, que fala perfeitamente sobre isso, sobre a paixão por ensinar na vida de um professor: "(...)Por que não somos consumidos pela paixão, por mais irracional que ela seja? Ah! Como a paixão é doce. Somente os apaixonados sabem viver e morrer. Somente os apaixonados, como D. Quixote, vislumbram batalhas e se entregam a elas. A paixão é o segredo do sentido da vida. E que outra questão mais importante poderá haver? Dizia Camus que o único problema filosófico realmente sério é 'julgar se a vida é digna ou não de ser vivida'. E ele comenta que, diante de tal questão, todos os problemas fácticos, científicos, perdem o seu sentido. 'Nunca vi ninguém morrer pelo argumento ontológico', ele diz. E Galileu fez muito bem em se retratar perante a Inquisição. Porque a verdade científica não valia uma vida. 'Se a Terra

Da tristeza

Há alguns dias, eu estava em busca de senso de humor. Queria escrever coisas bem-humoradas, engraçadas, essas coisas. Descobri, logo depois, um outro blog de alguém que não escreve com humor, em grande parte das vezes, e sim com uma certa tristeza, uma melancolia bonita. Ouvi, também, de um amigo, um trecho do Douglas Adams que dizia que tem muita gente fazendo humor por aí, e que é preciso que se fale sério também. (Se eu estiver errada, Paulus, me corrige) Vi que não preciso querer escrever comédia, percebi que cada um tem um jeito. E esse é o meu jeito. Sempre preferi filmes dramáticos. Percebi também que a tristeza sabe ser tão - ou mais - bela que escritos que nos fazem rir. O que não pode, como diz Drummond, é perder tempo a mentir. E acho que é na verdade que reside a beleza. Seja ela triste, dramática, melancólica, engraçada, o que for. Ao menos no meu exercício de criar - linha, cor, palavra - é a verdade que tem que estar sempre lá. A minha verdade.

Pré-conceito

Descobri, em mim, um "pré-conceito": simpatizo instantaneamente com pessoas que percebo gostarem de gatos. E, até hoje, a maior parte delas demonstrou merecer essa simpatia. Já quanto aos que não gostam, não os imagino terríveis por isso, mas gostaria de poder mostrar o quanto os felinos são parceiros, carinhosos e gentis com aqueles que os conquistam. Sim, porque não são eles que têm que nos conquistar, mas o contrário. Não espere que uma dessas adoráveis criaturas fique servil a alguém. Gatos são independentes e seguros de si. Geralmente, somos nós que buscamos sua atenção. Aí, quando se consegue a amizade do bichano, ele passa a ser nosso maior, melhor e mais fiel companheiro.

Nada de nada.

Estava em busca da letra de uma música da Edith Piaf que ilustra perfeitamente este meu momento, que diz, em certo momento "nada de nada me acontece...", mas não achei - procurei pouco, na verdade. Tô sem paciência pra catar coisas na internet. Mas, nessa busca, achei outra, que não podia deixar de colocar aqui: Não! Eu não lamento nada Não! Nada de nada... Não! Eu não lamento nada... Nem o bem que me fizeram Nem o mal - isso tudo me é bem igual! Não, nada de nada... Não! Eu não lamento nada... Está pago, varrido, esquecido Não me importa o passado! Com minhas lembranças Acendi o fogo Minhas mágoas, meus prazeres Não preciso mais deles! Varridos os amores E todos os seus "tremolos" Varridos para sempre Recomeço do zero. Não! Nada de nada... Não! Não lamento nada...! Nem o bem que me fizeram Nem o mal, isso tudo me é bem igual! Não! Nada de nada... Não! Não lamento nada... Pois, minha vida, minhas alegrias Hoje começam com você! Acho essa uma das canções mais lindas

Dia de chuva

A felina espia pelo vidro canelado da janela. O dia úmido e preguiçoso lá fora - e aqui dentro - não a permite dar um passeio de gato, com buracos cavados, troncos de árvores e tudo mais. Os olhos e as orelhas atentos ao mundo verde do pátio, os pensamentos na vontade de colocar os pés na terra. Em silêncio, a felina somente observa - somente. Do jeito sereno que felinos conseguem observar, mantém seus olhos amarelos e as pupilas - linhas negras - na imagem difusa de lá fora. E eu, fechada também na interior de um cubo com janelas. À espera de que algo aconteça, deixando as coisas acontecerem. E o tempo, que passa - do mesmo jeito de sempre, sem perceber - traz a chuva, o escuro, e o sono. E amanhã é mais um dia. Mas, talvez, dessa vez, o sol permita à felina um passeio pela terra fofa do pátio. Quanto a mim, ainda não sei.

Eu sou desse jeito:

Pequena e sardenta: Duas felinas vira-latas; Muitas coisas inacabadas; Algumas mal-resolvidas; Projeto de fotógrafa; E de professora; Dona-de-casa; Um "namorido"; Muitas fotografias; Alguns desenhos; Motorista principiante; Música; Voz e um violão semi-aprendido; Letras; Um blog deserto; Fúcsia ao longo da espinha; Um pinguim encima da geladeira; Melancolia; Saudades de santamarienses; E de outros mais distantes; Por-do-sol; Almoço em família aos domingos; Temperos; Leituras misturadas; Revistas, internet; No futuro um fusca; Impaciente; Desempregada; Na cama até tarde; Insônia. Excesso de pensamentos; Muitos projetos.

Política...

Tenho pensado bastante a respeito de política, coisa que pouco fiz na vida até pouco tempo atrás. Nunca gostei disso, achava uma chatice e preferia fazer de conta que nem era comigo. Preferia não falar, não pensar, não me envolver, em parte porque não tinha paciência pra acompanhar os acontecimentos políticos, em parte porque o pouco que acompanhava me deixava geralmente nauseada. É patifaria pra tudo quanto é lado. De um tempo pra cá, porém, entendi que é justamente essa náusea que a maioria do povo sente quando se trata disso, afastando a maior parte das pessoas do pensamento e da discussão política que permite tamanha patifaria. Como não falar de política (ou ao menos refletir a respeito), já que minha vida é diretamente influenciada por ela? Dois fatos me levaram a prestar mais atenção nos acontecimentos políticos que me cercam: um, bem próximo. Voltei a morar na minha cidade natal, pequena, de 8000 habitantes, onde todos se conhecem, aquela coisa. Aqui, as pessoas são... como poss

Onde foi parar meu senso de humor?

Tenho pensado muito neste ofício de escrever... Gosto de escrever, mas tem me parecido que sou tão... sisuda. Sinto falta de humor, do senso de humor que tanto me agrada quando leio outros. Não sei, sempre tive uma preocupação relevante em escrever tudo certinho, bonitinho, e talvez seja aí que me torno séria demais. Preocupação que vem da vontade de que meus escritos agradem quem os encontra, meio por acaso, por andanças na internet. Mas que 2@$#$ é essa de precisar agradar? Talvez isso venha do signo. Dizem que capricornianos são sérios. Que saco, nunca acreditei nessas bobagens (no fundo, no fundo, até acredito em algumas coisinhas), só que acabo me percebendo mesmo séria e chata em muitas coisas que leio aqui... Talvez seja o fato de que não costumo fazer desse espaço um lugar de fatos diretamente meus, de relatos particulares (embora tudo que está aqui, de certa forma, seja, porém disfarçado, já que não sei me fingir outra), tornando tudo tão... morno. Ia começar um blog novo pra

Fúcsia

Eu sou fúcsia como as pétalas caídas aos pés do pessegueiro. Caio, assim, os pés descalços e entregues Aos teus braços... teus braços azuis. Eu sou branca como a geada fria Que derrete ao toque. Derreto, assim, o peito tranquilo e aberto. Nos teus olhos... teus olhos anis. Eu sou púrpura como o rubor das madurezas que se oferecem ao sol. Ofereço-me, assim, os olhos fechados e serenos. Às tuas mãos... tuas mãos sutilmente rosas. Eu sou verde como o balançar da grama que acompanha e sucumbe ao vento. Acompanho-te, assim, as mãos disponíveis e pousadas. Em teus ombros... Teus ombros marfins. Eu sou negra como o negror da noite que ao cair torna-te ainda mais belo. Torno-me, assim, inteiramente tua. O corpo livre e descoberto. Nua, em teu colo... teu colo furta-cor.