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Professar, profetar, procurar Pouco a pouco adentrar Pequeno, grande, infinito particular Muitas mentes, muitas vidas Muita alma pra explorar. Ser, viver, humanizar. Ser brincante, ensinante E aprendente no flutuar.
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Tu

Teu sorriso aberto é ninho Abraço largo de pousar. Leito ombro peito Olho atento brilho morno no mirar. Cada passo, cada traço Ler teus braços. Navegar.

06:05

Trocados no bolso. Catraca. Lá fora, ainda o escuro. Frio. Mas nem tanto, dessa vez. Pelo vidro embaçado, ver o dia nascer. Os olhos espiam a cada pausa. Vai demorar.

Coletivo

Passa árvore, passa casa, passa gente. "Espera, moço, eu vou descer." Em pé, o peso do dia no ombro. Equilibrar-se, De corpo, nas pernas. De espírito, na espera. Exercício de paciência de ceder o espaço pro outro. A gente já, já chega. Pra abraço e cheiro de suor de cabelos infantis. Pra risos de novidades e uma caneca de café quente.

E a missão? Cadê?

Há uns dois meses, mudei de trabalho. Por conta de um concurso feito há algum tempo, tomei posse em um novo cargo. E, pra variar, não cheguei a completar nem dois anos no trabalho anterior. Parece que sou aventureira e desapegada? Não sei, mas se parecer, não é bem assim que as coisas funcionam. Não consigo pertencer a lugar algum há um bom tempo já. Quando me afinizo, me aninho, me familiarizo, vou embora, e começa tudo de novo. E é tudo novo, dessa vez: Pessoas, local, função, atribuições. Não sei qual é minha missão nesse espaço ainda. Antes, como professora, mesmo que mudasse de escola, de colegas, de alunos, tinha muito clara a minha tarefa de construir, transformar, sensibilizar pessoas e realidades. Agora, em uma função administrativa, corporativa, não consigo encontrar sentido em preencher formulários, expedir documentos, conferir dados. Em meio a burocracias, como se considerar relevante? Como pensar que estou fazendo diferença no mundo? Tenho sentido que sou só mais uma, co

Diário de inquietações

A partir de hoje, essa página será como um diário das minhas inquietações. Escondidinha assim do mundo, mesmo que paradoxalmente exposta, nessa tela colocarei o que me aflige, o que me alegra, o que me intriga, o que me motiva - a parar, a seguir, a chorar, a rir. Poesias? Talvez. Crônicas? Dificilmente. Palavras soltas? Provavelmente.
Um castelo de areia é construído com muito esforço, às vezes um vento, a água, ou algum desavisado atrapalha, faz voltar atrás,  e a gente refaz, com calma e carinho, e quando parece que enfim ele está firme, bem construído, apesar de alguns detalhes imperfeitos, aí vem a chuva forte.
O gato e o escuro Mia Couto Vejam, meus filhos, o gatinho preto, sentado no cimo desta história.    Pois ele nem sempre foi dessa cor. Conta a mãe dele que, antes, tinha sido amarelo, às malhas e às pintas. Todos lhe chamavam o Pintalgato. Diz-se que ficou desta aparência, em totalidade negra, por motivo de um susto.    Vou aqui contar como aconteceu essa trespassagem de claro para escuro. O caso, vos digo, não é nada claro. Aconteceu assim: o gatinho gostava de passear-se nessa linha onde o dia faz fronteira com a noite. Faz de conta o pôr do Sol fosse um muro. Faz mais de conta ainda os pés felpudos pisassem o poente. A mãe se afligia e pedia: - Nunca atravesse a luz para o lado de lá. Essa era a aflição dela, que o seu menino passasse além do pôr de algum Sol. O filho dizia que sim, acenava consentindo. Mas fingia obediência. Porque o Pintalgato chegava ao poente e espreitava o lado de lá. Namoriscando o proibido, seus olhos pirilampiscavam. Certa vez, inspirou c