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Mostrando postagens de 2008
Apesar de tudo, eu amo. Apesar de não saber amar, amo. Apesar de fazer tudo sempre errado, amo. Apesar de destruir tudo que toco, eu amo. ******** A pedra que tenho no estômago não quer se dissolver.

Vote em mim!!!

Estou em campanha... Estou participando de um concurso regional de fotografia... Vai o link, caso alguém se interesse em votar: http://www.sicoda.fw.uri.br/concursofotos/ Minha foto é a Imagem 03, vote se achar que deve, pleeeeease!!! :*
"Acorde! Não continue a dormir! A noite chegou e foi embora. Você quer perder também o dia?" Vi essa frase (ou quase isso), que achei fantástica, em um livro desses de citações... Fiquei com ela na cabeça o dia todo... não lembro o autor, posto assim que saber quem é.

Eco...

é impressionante como um dia - menos, algumas horas - fazem diferença na vida da gente... um pedacinho de vida deixa coisas pra tanto tempo - talvez pra vida toda... e uma pessoa pode aparecer e acontecer de tal forma que pra sempre deixa saudades... e vontade de estar perto... e, mesmo quando a gente já acredita não faz diferença mais, descobre que faz sim... é impressionante que, embora o tempo pareça passar tão rápido, tão rápido, tão rápido que o fim do dia chega sem que se perceba, dois anos sejam tão imensos... dois anos, que parecem passar tão rápido... é impressionante a forma como alguém passa a fazer parte do coração da gente em tão pouco tempo, pra tanto tempo... e o quanto uma saudade possa ser reavivada com algumas poucas palavras... é, a vida é impressionante... e as coisas mais difíceis e estranhas e os sentimentos mais teimosos e inexplicáveis a fazem assim...
Aproveitando um sábado à noite com internet, atualizo o blog. Quero falar de um monte de coisas, não sei se vou conseguir, mas tento... Primeiro, o motivo do meu sumiço: Desde o dia 07 de outubro, tomo conta da floricultura (e bazar) que eu e minha mãe compramos... tô trabalhando horroooores. Fora o que tem que ser feito de portas fechadas, tipo ornamentar muitos crisântemos (pra Finados) e outras flores... Eu não tinha flor em casa. Sabia o nome de pouco além de orquídea, rosa, margarida, girassol. Mas tô aprendendo, e adorando. Segundo, não tenho conseguido escrever. Diferentemente do que vinha acontecendo, tenho pouco tempo, e, quando chego em casa, geralmente tô podre. Uma coisa na qual acredito é o seguinte: o movimento das coisas em volta da gente acontece a partir de nosso próprio movimento. Foi só eu começar a mexer esse corpo (não mais) mole, muitas coisas têm aparecido pra se fazer. Que bom. Tenho mais coisas pra dizer... Depois.

Aqui. Sempre

Só pra deixar claro: não abandonei isso aqui. Mas estou quase sem entrar na internet, então, postar tem sido difícil... As coisas mudaram muito, meu tempo de ócio e tédio já é pouco. Em breve, escrevo o que há. Só posso adiantar que é bom.

Infância

Os soldadinhos de brinquedo têm medo da guerra? Querem voltar pra casa quando em batalha? As bonecas choram? O próprio abandono, a saudade de casa, o desequilíbrio, a cara rabiscada? O corte que expõe as entranhas, o membro mutilado? O vestido sujo, rasgado? No vaivem do balanço, eram a boneca, o soldado... Não mais.

Brigitte Bardot

a saudade é um trem de metrô subterrâneo obscuro escuro claro é um trem de metrô a saudade é prego parafuso quanto mais aperta tanto mais difícil arrancar a saudade é um filme sem cor que meu coração quer ver colorido a saudade é uma colcha velha que cobriu um dia numa noite fria nosso amor em brasa a saudade é brigitte bardot acenando com a mão num filme muito antigo A saudade vem chegando A tristeza me acompanha! Só porque... só porque... O meu amor morreu Na virada da montanha O meu amor morreu Na virada da montanha E quem passa na cidade Vê no alto A casa de sapé Ainda... A trepadeira no carramanchão Amor-perfeito pelo chão Em quantidade... (Zeca Baleiro)

Procrastinação

às vezes tenho muito pra falar, e nada acontece. mantenho-me calada, o verbo volta da garganta, transforma-se em formigas no estômago. às vezes tenho o mundo a andar, e nada acontece. mantenho-me imóvel, o peso do corpo deixa os pés, sento, repouso, esqueço. às vezes tenho dezenas de cartas, emails, bilhetes, recados, que quero escrever, mas ao invés disso, nada acontece. mantenho-me muda, as tentativas transformam-se em rabiscos, desenhos infantis e cheios de espirais, ou, repetidamente, palavras soltas que só eu sei o que significam. às vezes, tenho tudo a fazer, e nada acontece. medrosa, preguiçosa, mantenho-me ali, no mesmo lugar de antes. paro, estaciono, até que não saiba mais onde ir. ou, que não haja mais tempo, e tudo é feito da forma mais rápida e que não me satisfaz. Desde há algum tempo, a procrastinação me é um sério problema.
Balada de Agosto Lá fora a chuva desaba e aqui no meu rosto Cinzas de agosto e na mesa o vinho derramado Tanto orgulho que não meço O remorso das palavras Que não digo Mesmo na luz não há quem possa Se esconder do escuro Duro caminho o vento a voz da tempestade No filme ou na novela É o disfarce que revela o bandido Meu coração vive cheio de amor e deserto Perto de ti dança a minha alma desarmada Nada peço ao sol que brilha Se o mar é uma armadilha Nos teus olhos (Zeca Baleiro)

Processo

Meu processo criativo geralmente é meio bagunçado e poluído... ******** Esperar até que algo aconteça... as escadas já estão no fim não levam ninguém a lugar algum. Ou carregam, em si, pedaços da perda, do ontem, da falta (cada pedaço é só um pedaço). Qual seria a medida da vontade? Em que peito vai doer a minha dor? As batidas na porta - e os passos de madrugada - calar-se-ão e perderão a cor (a cor da casa e das paredes) O verde morto da falta de desejo. Eu queria poder subir mais, ao menos um pouco, só um pouquinho mais. Ou, talvez, ir até o céu. (pra que toda estranheza ficasse pra amanhã...) Quem vai pro céu? (quem é o céu?) O banho quente já não serve, é pouco mais que um suspiro. Só preciso de um segundo pra saber porque. (Nenhum lugar... é melhor que o fim).

Semana

De sábado passado até o próximo, aparecerei pouco. É Semana Farroupilha. Apesar de considerar o motivo disso tudo um tanto contraditório, o espírito de união e as reuniões gastronômicas dessa época valem a pena... Ou seja, nessa semana, estarei mais fora de casa, nos acampamentos. Mais adiante, pra quem não conhece essa manifestação cultural aqui do sul, posto algumas fotos.

Contradição

Não te enxergo, mas te vejo. Não te toco, nem te abraço, mas sinto teu cheiro e mergulho os dedos nos teus cabelos. Não te ouço, mas tua voz ecoa no meu sono e na minha insônia. Não te digo nada, mas quero que saibas de tanta coisa. Não sei o que quero, e o que queres nem quem és, mas sei que te quero bem. E sei que te quero perto. E sei que te quero. 

(An)dança

a dança dos corpos dos olhos dos lábios o movimento das mãos das vestes dos sons a vida  posta exposta esquecida só passada, vivida escondidos, dançamos, com os corpos, com os olhos, com os lábios. nos movemos,  suspiramos, respiramos,  resistimos e a vida, dança, move-se, suspira, conspira compõe-se alimenta-se de nós, os corpos, os olhos, os lábios, os suspiros, respiros,  as danças, os sons a vida dança e nos embala no dois e dois de suas canções.

(Mu)danças

O mundo muda Nós mudamos. Eu, você, nossos desejos nossas preferências, nossas palavras mudam. Nosso jeito de dizer estas palavras muda. Continuamos a ficar mais velhos, mais saudosos, com os olhos postos  ainda um no outro. E o mundo, e as coisas, mudam, sem parar. E nós, mudados, não mudamos  o destino das palavras.  Mudadas palavras mudas.

Mais um pouco

Minha mania de guardar papéis da vida toda às vezes serve pra algo. Eis um pouco mais da Lara de Lemos, como prometido. Encontrei em folhas amareladas, copiados à caneta. Posto alguns deles, já que tem bem mais que o que lembrava. Vidafora Tudo o que vivi Vidafora pranto pressentimento cansaço febre tersã terçol torcicolo tropeço dor de corte  cotovelo dor de dente dor de vazio de abandono de ferida de apostema foi semente deste verso foi adubo de poema. ******** Urdidura do canto Vivo de olhos atentos.  No meio do vento recomponho palavras coso pensamentos. Escondo minhas asas nas telhas do tempo. ******** Poema do amor demais Que faço do meu poema Recado para ninguém? Que faço dessa canção nos limites do caminho - esquife, cal, terra, chão? Que faço do vôo cego dessa fúria dessa sanha de abraçar o inabraçável e transcender o meu ontem? (Amar é transbordar  é transgredir é ampliar-se até as imprevisíveis fronteiras do homem) Que faço, por Deus, que faço dessa dor do muito? ******** Da

Lara

Li algumas coisas da Lara de Lemos, que até então não conhecia, quando estava já no ensino médio. Junto com o Quintana, ela é certamente um de meus poetas favoritos. Lembro que a maneira de Lara de compor os poemas ficou marcada em mim e influenciou em muitas de minhas tentativas literárias, desde então.  Agora, há tempos não lia nada escrito por ela. Por isso, busquei algo na internet, e posto aqui. É algo pra ser dividido com outros. Amor/ódio O amor nos dói nos mói nos fragmenta. Difícil compreendê-lo entre mós e moendas. Onde somos o sumo de algo triturado. Difícil amar assim cortado  em meios. ************** Ás vezes as palavras se armam de gumes agudos, lâminas de aço, ira de gatilhos, alçapões de pássaros. É preciso esquecer o passado, o pânico de perder o abraço, o momento de doer da ausência, o remorso. Destruir um amor antigo requer ímpeto, fúria, cólera, sigilo. Desferir a seta no exato momento de atingir o alvo e despedaçá-lo. Achei poucos poemas dela na internet. Por estes

Sábado, 23:30

Dordegargantasonosemvontadededormirfrionospésenosdedosdasmãos computadortravadotosseescurosolidãonoturnafaltadeassuntodownload quenuncaacabaleiturasemblogsinteressantesounãofonesdeouvidopra nãofazerbarulhovontadedeescreverdeconversarcomalguémquenãoestá precisobotarpijamaprecisoescovarosdentesprecisoirpracamalogologo precisodormirmasnãoquerovontadedecomersemfomevontadedeviajar semdinheirovontadedefugirsemcoragemvontadedenadaedetudocada coisaaseutempocadaqualcomseuigualcadamacaconoseugalhocadaum sabeacruzquecarregafrasesfeitaspalavrasinúteisfrasesquedizemnada tentandodizertudoeonadaeotudosãoamesmaporcariamesmamesma coisasempresemparadasemdescansosemsossegosemsemmotivospra rirsemmotivosprachorarsemnadaprapensarsemteroquedizersópalavras agrupadasilegíveiscansativasvagasnãovaziasapertadassussurradas gritadascoladasnadademaissóabrigacomosonodisfarçadadeinsônia.

Casulo

Há um bom dia nos olhos do sono abrindo-se na cauda do bicho com dor. Dormente, confuso, trancado à chave. Envolto na seda. Entranhas roídas da causa dos medos. A queda na grama. Gramado de carne  - não dói. ******** Do tempo dos casulos na faculdade, em algum dia de 2004.

Sonho

Um sonho As coisas mesmas, todas elas repetem-se em todos os sonhos. O mesmo lugar, desde sempre. Estrada de chão batido, terra vermelha, pedregulhos. Caminhada. ******** Desde criança sonho com o mesmo lugar. Um lugar em que nunca estive. Às vezes não é exatamente igual, mas sei que faz parte daquele mesmo lugar. 

Porém,...

********** Pássaro azul, eu sei que o tempo não pára. E que só esperar que ele passe não é justo com ninguém. Menos ainda contigo, que tem asas. Asas que não quero cortar. Quero fazer-te livre. Quero que voes, que vejas o mundo lá de cima. E me contes depois. Meu medo, pássaro, é que esqueças de mim. **********
Não consigo prometer nada. Nem decidir nada ainda. Quero, fazer uma longa viagem, observando cada pedaço do caminho. ******** E não vou fugir, não posso fugir, o que posso, por hora, é oferecer meu silêncio, meus olhos, meu pensamento. ******** Conheci um lugar lindo e agradável no sábado, no interior de Iraí, cidade vizinha de Ametista. Na ocasião, estava de vestido de prenda, vestimenta feminina tradicional do Rio Grande do Sul (caso alguém fique em dúvida). Aproveitei pra fazer umas fotos.

Por quê?

Escrevo pra dizer o que a voz não diz. Escrevo pra, depois, saber a quantas andava meu coração. Escrevo pra tentar entender e ultrapassar. Escrevo pra mim, sempre. E pra outros poucos, algumas vezes. Escrevo pra perguntar, e/ou pra responder. Escrevo pra mostrar que gosto, não sou boa de outro jeito. Escrevo pra fugir, ou pra assumir de vez. Escrevo porque preciso, e nas letras, desfaço-me de muito do que não quero. Escrevo pra dizer o que quero. E pra tentar aceitar quando o que quero não é possível. Escrevo pra falar a verdade, e pra contar minha história. Escrevo pra sair um pouco de mim e observar-me lá de fora.

Deslocamento

Minha casa não é minha, e nem é meu esse lugar.

Elurofilia

O gato é uma lição Já viu gato amestrado, de chapeuzinho ridículo, obedecendo às ordens de um pilantra que vive às custas dele? Não! Até o bondoso elefante veste saiote e dança a valsa no circo. O leal cachorro no fundo compreende as agruras do dono e faz a gentileza de ganhar a vida por ele. O leão e o tigre se amesquinham na jaula. Gato não. Ele só aceita uma relação de independência e afeto. E como não cede ao homem, mesmo quando dele depende, é chamado de arrogante, egoísta, safado, espertalhão ou falso. "Falso", porque não aceita a nossa falsidade com ele e só admite afeto com troca e respeito pela sua individualidade. O gato não gosta de alguém porque precisa gostar para se sentir melhor. Ele gosta pelo amor que lhe é próprio, que é dele e ele o dá se quiser. Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não entende o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa essa relação precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se rela

O coração

Eu já confiei em pessoas que me decepcionaram muito, depois. Já deixei meus sentimentos muito à mostra, tão à mostra que me tornei vulnerável. É bem provável que seja por isso que, hoje, tenho dificuldade de falar ou demonstrar amor. ************ Em muitas das vezes em que as portas ficaram abertas, passou um vento forte que deixou tudo de pernas pro ar. Apesar disso, não deixo de amar. Não quero parar de amar, jamais. ************ E as portas, mesmo que lentamente, abrem-se e deixam passar a luz. Ao menos é assim que quero que seja. ************ Eu sinto saudades.

Azul

A terra é redonda e imensa. E azul, segundo os satélites e os homens astronautas que a viram do espaço. Será que o pensamento e o verbo acontecem ciclicamente, transformando-se, um dia, em estrelas, constelações, galáxias? Não sei. Assim, tento transformar tudo em poesia.

Auto-retrato (agora)

Já fiz muita coisa errada. Impaciente, fiz coisas sem pensar, pensando só na urgência das minhas vontades. Impaciência é um mal meu. E confusão também, ao tentar descobrir, bem rápido, o que fazer. Mas, muitas vezes não sei. Nem o que pensar, menos ainda o que falar. O silêncio é o meu modo de viver muitas coisas, não sei se por vergonha, por medo, ou por falta do que dizer mesmo. A verdade é que às vezes fico com raiva por não falar o que deveria ser dito. Sinto que tenho algo a dizer, mas, quando é hora, raramente sei por onde começar. Por isso fico em silêncio. No máximo, monossílabas ou algumas palavras sem muito peso, amenidades. Ou sorrisos, simplesmente. Sorrisos silenciosos. ************* No momento, ando sem saber pra onde ir. Minha existência é, agora, um tanto morna, coisa que, por pouco tempo, até aceito. Não sou infeliz assim, desde que isso não se prolongue demais.
Olho para a frente. E há pouco que permita ser visto. Nada, nada de nada acontece. Por quanto tempo? Não tenho conseguido escrever quase nada ultimamente... talvez seja tempo de dar uma pausa... ou colocar mais imagens do que palavras aqui. Foto de uns quatro anos atrás, mais ou menos.

Sobre a paixão

Tenho tentado escrever sobre a paixão. Mas não estou satisfeita com o que fiz até agora. Por isso, decidi postar aqui um trecho de um dos livros que estou lendo, que fala perfeitamente sobre isso, sobre a paixão por ensinar na vida de um professor: "(...)Por que não somos consumidos pela paixão, por mais irracional que ela seja? Ah! Como a paixão é doce. Somente os apaixonados sabem viver e morrer. Somente os apaixonados, como D. Quixote, vislumbram batalhas e se entregam a elas. A paixão é o segredo do sentido da vida. E que outra questão mais importante poderá haver? Dizia Camus que o único problema filosófico realmente sério é 'julgar se a vida é digna ou não de ser vivida'. E ele comenta que, diante de tal questão, todos os problemas fácticos, científicos, perdem o seu sentido. 'Nunca vi ninguém morrer pelo argumento ontológico', ele diz. E Galileu fez muito bem em se retratar perante a Inquisição. Porque a verdade científica não valia uma vida. 'Se a Terra

Da tristeza

Há alguns dias, eu estava em busca de senso de humor. Queria escrever coisas bem-humoradas, engraçadas, essas coisas. Descobri, logo depois, um outro blog de alguém que não escreve com humor, em grande parte das vezes, e sim com uma certa tristeza, uma melancolia bonita. Ouvi, também, de um amigo, um trecho do Douglas Adams que dizia que tem muita gente fazendo humor por aí, e que é preciso que se fale sério também. (Se eu estiver errada, Paulus, me corrige) Vi que não preciso querer escrever comédia, percebi que cada um tem um jeito. E esse é o meu jeito. Sempre preferi filmes dramáticos. Percebi também que a tristeza sabe ser tão - ou mais - bela que escritos que nos fazem rir. O que não pode, como diz Drummond, é perder tempo a mentir. E acho que é na verdade que reside a beleza. Seja ela triste, dramática, melancólica, engraçada, o que for. Ao menos no meu exercício de criar - linha, cor, palavra - é a verdade que tem que estar sempre lá. A minha verdade.

Pré-conceito

Descobri, em mim, um "pré-conceito": simpatizo instantaneamente com pessoas que percebo gostarem de gatos. E, até hoje, a maior parte delas demonstrou merecer essa simpatia. Já quanto aos que não gostam, não os imagino terríveis por isso, mas gostaria de poder mostrar o quanto os felinos são parceiros, carinhosos e gentis com aqueles que os conquistam. Sim, porque não são eles que têm que nos conquistar, mas o contrário. Não espere que uma dessas adoráveis criaturas fique servil a alguém. Gatos são independentes e seguros de si. Geralmente, somos nós que buscamos sua atenção. Aí, quando se consegue a amizade do bichano, ele passa a ser nosso maior, melhor e mais fiel companheiro.

Nada de nada.

Estava em busca da letra de uma música da Edith Piaf que ilustra perfeitamente este meu momento, que diz, em certo momento "nada de nada me acontece...", mas não achei - procurei pouco, na verdade. Tô sem paciência pra catar coisas na internet. Mas, nessa busca, achei outra, que não podia deixar de colocar aqui: Não! Eu não lamento nada Não! Nada de nada... Não! Eu não lamento nada... Nem o bem que me fizeram Nem o mal - isso tudo me é bem igual! Não, nada de nada... Não! Eu não lamento nada... Está pago, varrido, esquecido Não me importa o passado! Com minhas lembranças Acendi o fogo Minhas mágoas, meus prazeres Não preciso mais deles! Varridos os amores E todos os seus "tremolos" Varridos para sempre Recomeço do zero. Não! Nada de nada... Não! Não lamento nada...! Nem o bem que me fizeram Nem o mal, isso tudo me é bem igual! Não! Nada de nada... Não! Não lamento nada... Pois, minha vida, minhas alegrias Hoje começam com você! Acho essa uma das canções mais lindas

Dia de chuva

A felina espia pelo vidro canelado da janela. O dia úmido e preguiçoso lá fora - e aqui dentro - não a permite dar um passeio de gato, com buracos cavados, troncos de árvores e tudo mais. Os olhos e as orelhas atentos ao mundo verde do pátio, os pensamentos na vontade de colocar os pés na terra. Em silêncio, a felina somente observa - somente. Do jeito sereno que felinos conseguem observar, mantém seus olhos amarelos e as pupilas - linhas negras - na imagem difusa de lá fora. E eu, fechada também na interior de um cubo com janelas. À espera de que algo aconteça, deixando as coisas acontecerem. E o tempo, que passa - do mesmo jeito de sempre, sem perceber - traz a chuva, o escuro, e o sono. E amanhã é mais um dia. Mas, talvez, dessa vez, o sol permita à felina um passeio pela terra fofa do pátio. Quanto a mim, ainda não sei.

Eu sou desse jeito:

Pequena e sardenta: Duas felinas vira-latas; Muitas coisas inacabadas; Algumas mal-resolvidas; Projeto de fotógrafa; E de professora; Dona-de-casa; Um "namorido"; Muitas fotografias; Alguns desenhos; Motorista principiante; Música; Voz e um violão semi-aprendido; Letras; Um blog deserto; Fúcsia ao longo da espinha; Um pinguim encima da geladeira; Melancolia; Saudades de santamarienses; E de outros mais distantes; Por-do-sol; Almoço em família aos domingos; Temperos; Leituras misturadas; Revistas, internet; No futuro um fusca; Impaciente; Desempregada; Na cama até tarde; Insônia. Excesso de pensamentos; Muitos projetos.

Política...

Tenho pensado bastante a respeito de política, coisa que pouco fiz na vida até pouco tempo atrás. Nunca gostei disso, achava uma chatice e preferia fazer de conta que nem era comigo. Preferia não falar, não pensar, não me envolver, em parte porque não tinha paciência pra acompanhar os acontecimentos políticos, em parte porque o pouco que acompanhava me deixava geralmente nauseada. É patifaria pra tudo quanto é lado. De um tempo pra cá, porém, entendi que é justamente essa náusea que a maioria do povo sente quando se trata disso, afastando a maior parte das pessoas do pensamento e da discussão política que permite tamanha patifaria. Como não falar de política (ou ao menos refletir a respeito), já que minha vida é diretamente influenciada por ela? Dois fatos me levaram a prestar mais atenção nos acontecimentos políticos que me cercam: um, bem próximo. Voltei a morar na minha cidade natal, pequena, de 8000 habitantes, onde todos se conhecem, aquela coisa. Aqui, as pessoas são... como poss

Onde foi parar meu senso de humor?

Tenho pensado muito neste ofício de escrever... Gosto de escrever, mas tem me parecido que sou tão... sisuda. Sinto falta de humor, do senso de humor que tanto me agrada quando leio outros. Não sei, sempre tive uma preocupação relevante em escrever tudo certinho, bonitinho, e talvez seja aí que me torno séria demais. Preocupação que vem da vontade de que meus escritos agradem quem os encontra, meio por acaso, por andanças na internet. Mas que 2@$#$ é essa de precisar agradar? Talvez isso venha do signo. Dizem que capricornianos são sérios. Que saco, nunca acreditei nessas bobagens (no fundo, no fundo, até acredito em algumas coisinhas), só que acabo me percebendo mesmo séria e chata em muitas coisas que leio aqui... Talvez seja o fato de que não costumo fazer desse espaço um lugar de fatos diretamente meus, de relatos particulares (embora tudo que está aqui, de certa forma, seja, porém disfarçado, já que não sei me fingir outra), tornando tudo tão... morno. Ia começar um blog novo pra

Fúcsia

Eu sou fúcsia como as pétalas caídas aos pés do pessegueiro. Caio, assim, os pés descalços e entregues Aos teus braços... teus braços azuis. Eu sou branca como a geada fria Que derrete ao toque. Derreto, assim, o peito tranquilo e aberto. Nos teus olhos... teus olhos anis. Eu sou púrpura como o rubor das madurezas que se oferecem ao sol. Ofereço-me, assim, os olhos fechados e serenos. Às tuas mãos... tuas mãos sutilmente rosas. Eu sou verde como o balançar da grama que acompanha e sucumbe ao vento. Acompanho-te, assim, as mãos disponíveis e pousadas. Em teus ombros... Teus ombros marfins. Eu sou negra como o negror da noite que ao cair torna-te ainda mais belo. Torno-me, assim, inteiramente tua. O corpo livre e descoberto. Nua, em teu colo... teu colo furta-cor.

Da série "velharias" III

Quando exigiu que eu fosse embora, sozinha, esqueço-me, perco-me, fico pouco no lugar. Tudo sai do lugar. Não retorna mais. Nem retornará. Já que não há remédio, não há solução pros nossos problemas. Se o tédio toma conta de nós (todos), apenas restaram olhares. Pouco sensíveis, frios e distantes. Feios e distraídos. Antes, não se sabia como era. Como ficamos nós agora? Lá fora, tudo continua acontecendo. E, nós, continuamos vivendo sós.

Pan-tone

Todas as cores são iguais. E as nuances não são grande coisa. O que definia já não há mais. Quem é o mocinho, que é o vilão? Descubro meus erros ocultos nos teus. E abro meus olhos, a essa altura já secos. É pena, não deu tempo, adeus! É hora de ir, o tempo é tão curto. Os bares todos já estão fechados, não há mais onde beber. E os meus remorsos foram atropelados. Não tenho mais nada a lhe dizer: silêncio é o que resta. E um céu nublado. Fuja da chuva, mantenha-se mudo. Mantenha-se calado. E, quando a luz começar a surgir um novo dia, pode, talvez, nos redimir. Não durma, siga em frente. Há um longo dia pra viver, ainda. Siga, sem parar pra pensar porque, o que resta, geralmente é nada.

Da série "velharias" II

Há muito pouco a ser feito quando os muitos meios já perderam a eficiência. O peito não arde, tampouco pulsa. E ver, é o mesmo que estar longe. E o estar longe, é o mesmo que desconhecer. E desconhecer, é o mesmo que não haver. Não houve nada, não há com que se preocupar. O ignorar não faz diferença. Diferente é algo bem melhor. Muito melhor. Melhor que o que parecia bom. Parecia. As aparências sempre enganam. E o pior de tudo é enganar-se. Deixar-se levar pelo bonito, o belo é de outro jeito. Bonito nem sempre faz bem, engraçado nem sempre convém. Boa idéia não garante bom dia, nem boa noite, nem bom sono. Sonho não é mais o que salva a pele. E pele, não arde, não treme, não arrepia. Resta saber o que há. O que havia, em um dia de novos erros.

Da série "velharias" I

Meu bem, foi um erro Acabamos de nos despedir. E agora, a despedida é só o que temos em comum. Hoje, já não há mais maneiras de viver bem. Um dia, certamente, haverá. Mas não há. Há acasos, casos, coisas. Novas e velhas que não páram de vir. Nos fazem rir, nos fazem ver, o que cada um é capaz de fazer. E a cada passo, cada ponto, aponta nossos melhores caminhos. Como coisas. Aquelas boas é más. Mas já não há caminhos, nem melhores nem piores. O que se quer é ficar bem. Pra sempre não, um dia, uma certa ocasião. Um pouco dos novos e velhos corações que não são coisas. E que um dia, certamente, Passarão a ser o que temos em comum. . . Em um caderno do ano passado

O poema

De onde nasce o poema? Que mistério é esse? Do nascimento lírico, febril, urgente? O poeta a todo tempo é grávido De cor e palavras, de vírgula, ponto e luz.

Sai

Desliga Essa TV e vem me ver Desiste do ócio, da massa, e da novela chata que tanta gente insiste em ver. Sai pra rua agora e olha ao teu redor. As pessoas por mais piegas e bobas que pareçam são melhor. Melhor que pontinhos coloridos. Formando objetos intocáveis, frígidos, abstratos. Anda, corre, sente o cheiro da cidade. Coloca os pés na grama terra areia ou no mar. Colhe conchas, caramujos, folhas secas, sorrisos e olás. Assiste ao entardecer, aos passeios e ao luar. Então apaga essa tela, todas elas, vem me ver. Ficar de portas fechadas janelas fechadas, mãos fechadas. Há muito a perder. O vento, o cheiro do café no fim da tarde. Sai pra rua, não deixa de existir. No toque, na voz, na realidade.

Outono

O bom do outono é comer bergamota recém colhida no solzinho do meio-dia. Sentir o cheiro cítrico do fruto amarelo. Cuspir as sementes sentado na grama. Com o sol bem na cara. E o cheiro do frio nas mãos.

Boneca de pano

Sou feita de pedaços Que já foram de outros. De cores, e estampas diferentes entre si. Meus pés são azuis, de algodão azul. Com bolas brancas. Minhas mãos, seda vermelha. O corpo, diversos pedaços que vêm de muitos lugares. A cabeça, algodão rosa com flores miúdas e brancas (já foi um vestido rodado). Os olhos, botões grandes que restaram de velhas reformas. Os cabelos, lãs de muitas cores. E o corpo, muitos pedaços. Herdados de muitos outros. Em cada um, uma memória. Em cada um, uma saudade. Eu sou feita de muitos. Que estão todos aqui. Sendo levados e sentidos. Retalhos que me constróem.

Saber Viver

Não sei... Se a vida é curta Ou longa demais pra nós, Mas sei que nada do que vivemos Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: Colo que acolhe, Braço que envolve, Palavra que conforta, Silêncio que respeita, Alegria que contagia, Lágrima que corre, Olhar que acaricia, Desejo que sacia, Amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, É o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela Não seja nem curta, Nem longa demais, Mas que seja intensa, Verdadeira, pura... Enquanto durar (Cora Coralina) Lindo.

Luto

Toda vida tem um fim. Sem exceções, todos morremos, um dia. Breve ou daqui a muito tempo. Mas morremos. Há quem diga, e eu até considero coerente, que o que diferencia o homem dos outros seres vivos é a certeza de sua finitude (e não me venham com essa de que o homem é o único ser vivo que "pensa"). E, talvez seja por isso, metemos os pés pelas mãos durante a vida toda. É o fato de querer fazer tudo agora - já que, sabe-se lá, podemos morrer nos próximos dez minutos - que nos impulsiona a não ter paciência, a não querer esperar "as coisas se ajeitarem"? Claro que isso não se aplica a todos - e, em grande parte das situações, nem a mim. Sei que não se é sempre assim impaciente, o que me parece triste até. Viver aos pouquinhos, pensar só em passar um dia depois do outro, do outro, do outro... Sem crescer em nada, sem mudar nada, sem ganhar nada. Ganhar dinheiro pra comer, comprar roupa, pagar aluguel, luz, telefone, internet, abastecer o carro, comprar uma TV nova, tr

Novo

O novo. Até parece uma pessoinha orelhuda de olhos redondos espiando a gente. Espiando, e fazendo careta às vezes. Que nem irmão mais novo, que sai de trás da porta dizendo: BU! Os olhos arregalados do novo deixam transparecer a curiosidade do novo. Embora, em alguns casos, o arregalado seja medo ou susto. O novo é um menino levado, e com um imenso brilho nos olhos.

Abandono

Abandonei este blog. Há quase um ano foi o último post, embora bastante coisa tenha sido escrita em cadernos velhos e papéis de pão nesse tempo. Quero voltar. de verdade. espero muito sinceramente que esse não seja um suspiro, um ânimo intenso e breve, porque escrever, mesmo que pouco lida, sempre foi um exercício de desabafo, do qual fica difícil abrir mão. nos papéis velhos também, mas estes se perdem muito fácil, e reler, bem depois, ajuda a entender de que maneira meu coraçãozinho e meus pensamentos se comportavam em cada dia posto em frases. Na verdade, meu exercício criativo anda meio abandonado em vários sentidos. é vergonhoso, eu sei, justo agora que não existe mais a obrigação acadêmica e a exigência de fazer tudo em seis meses. O meu problema, talvez, tenha sido ficar muito mal-acostumada, e trabalhar só sob pressão. mas, e agora, sem pressão, o que se faz? Voltei pra minha cidade natal. temporariamente, faço questão de frisar a todo tempo. não posso e não quero estacionar ne