Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2009

Oração para um novo ano

Que o ano que se inicia seja infinitamente melhor que este que termina. E que essa mudança não seja promovida pelos deuses, ou pelos astros, mas por cada um de nós. Que nós possamos seguir em frente sem permanecer acorrentados a erros passados. Que nosso amor próprio não seja tão pequeno a ponto de permitir que nos esqueçamos de nós mesmos. Mas, que não seja tão inflado a ponto de não nos permitir o aprendizado com nosso sofrimento. Que o encantamento infantil não abandone nosso olhar - se não houver mais tempo, então, que retorne ao nosso coração. Que sejamos capazes de perdoar, acolher, orientar e compreender. Que percebamos em cada ser vivo a essência divina existente em tudo e em todos. Que fiquemos gratos e surpresos a cada despertar, por cada novo dia, pouco importando se esse é de calor, gelado ou chuvoso. Que não nos esqueçamos um dia sequer de quem somos, e de que somos pequenos. Que façamos nosso trabalho como um artista: com paixão e criatividade. Que a cada dia possamos dem

fugas

Eu quero dizer, não sei o que Tem coisas demais aqui querendo sair, são tantas que uma impede a outra de passar pela porta Desorganizadas, essas coisas todas não saem e ficam, presas, fugindo aos poucos pelas janelas e delas não sobra nem vestígio nem uma mancha na parede de um dedo sujo de tinta pra se reconhecer uma impressão digital nem uma sombra ou um rastro de terra seca solta da sola do sapato nem um cheiro nada. Por isso que quero dizer tanta coisa e digo muitos silêncios.

Esquecimento

Eu já vivi em um mundo que me esqueceu. Se não, quero que esqueça. No mundo em que eu vivi, as pessoas são só brinquedos que perdem a graça em poucos dias, ou horas, e em seguida são deixadas de lado e esquecidas. Ainda bem. Prefiro desaparecer desse mundo e ser como se não tivesse havido. Minha cor e meu olhar desapareceram. Meus movimentos desapareceram. Até minha voz tornou-se nem memória. O mundo que me esqueceu não mais é pra lembrar de mim. Melhor que me esqueça, embora eu não consiga esquece-lo. Não há mundo descartavel e inesquecivel como aquele mundo em que vivi. Vivi pouco nesse mundo, mas o bastante pra querer ser esquecida, apesar dele permanecer sempre lembrado. Que o mundo em que eu vivi me esqueça. Que não me reconheça. Que não tome conhecimento de mim. Só, do mundo em que eu vivi, quero só que a arte não me abandone, nem me esqueça, nem me deixe de lado, nem escape da minha memória. A cor, o olhar, o movimento, a voz, a palavra que a arte me deu não podem esquecer de mi

Muito por fazer

Tenho ainda muitos tijolos a empilhar, incontáveis passos pra andar, extensos caminhos a percorrer. Tenho ainda muitos muros a derrubar, inimagináveis vôos, Inúmeros trajetos. Tenho ainda montes de eus pra descobrir, todos pra vencer, Milhares de bons pedaços de mim, Atrapalhados, Desequilibrados, Desrespeitados, Em algum lugar.

Pulso

Os dedos são dez nas mãos mais dez nos pés. Dois pés, dois joelhos, dois ouvidos. Dois metros quadrados de pele, cinco milhões de pelos. Noventa e sete mil quilômetros de veias artérias, vasos. Uma boca, trinta e dois dentes. E fome. Dois olhos, milhões de lágrimas. Um coração, cento e dez mil batidas em vinte e quatro horas. Ou mais. Centenas de constelações. Ou milhares de sardas. Dezessete mil litros de ar em um dia. E ainda assim tanto de falta de fôlego.
Será que vai ser assim pra sempre?

Impressão do agora

Uma felina no alto Outra macia no macio da cama Respiração e bocejo Olhos cansados e diminuídos pela claridade Sono com vontade de ficar aqui Conversa pausada Frio Rinite alérgica lenço de papel Bagunça de leve em redor uma cama desarrumada esperando...

Pra ver

Sun been down for days A pretty flower in a vase A slipper by the fireplace A cello lying in its case Soon she's down the stairs Her morning elegance she wears The sound of water makes her dream Awoken by a cloud of steam She pours a daydream in a cup A spoon of sugar sweetens up And she fights for her life as she puts on her coat And she fights for her life on the train She looks at the rain as it pours And she fights for her life as she goes in a store with a thought she has caught by a thread she pays for the bread and she goesÂ… Nobody knows Sun been down for days A winter melody she plays The thunder makes her contemplate She hears a noise behind the gate Perhaps a letter with a dove Perhaps a stranger she could love And she fights for her life as she puts on her coat And she fights for her life on the train She looks at the rain as it pours And she fights for her life as she goes in a store with a thought she has caught by a thread she pays for the bread and she goesÂ… Nobody
Quero deixar meu coração no fundo de um rio. De um rio bem fundo. Esquecê-lo afundado, indefinidamente... Até que os peixes, vigorosamente, o devorem.