Tenho tentado escrever sobre a paixão. Mas não estou satisfeita com o que fiz até agora.
Por isso, decidi postar aqui um trecho de um dos livros que estou lendo, que fala perfeitamente sobre isso, sobre a paixão por ensinar na vida de um professor:
Por isso, decidi postar aqui um trecho de um dos livros que estou lendo, que fala perfeitamente sobre isso, sobre a paixão por ensinar na vida de um professor:
"(...)Por que não somos consumidos pela paixão, por mais irracional que ela seja?
Ah! Como a paixão é doce. Somente os apaixonados sabem viver e morrer. Somente os apaixonados, como D. Quixote, vislumbram batalhas e se entregam a elas. A paixão é o segredo do sentido da vida. E que outra questão mais importante poderá haver? Dizia Camus que o único problema filosófico realmente sério é 'julgar se a vida é digna ou não de ser vivida'.
E ele comenta que, diante de tal questão, todos os problemas fácticos, científicos, perdem o seu sentido. 'Nunca vi ninguém morrer pelo argumento ontológico', ele diz. E Galileu fez muito bem em se retratar perante a Inquisição. Porque a verdade científica não valia uma vida. 'Se a Terra gira em torno do Sol ou se o Sol gira em torno da Terra, é uma questão de profunda indiferença.' 'Por outro lado', ele continua '(...) vejo muitas pessoas morrerem porque julgam que a vida não é digna de ser vivida. Vejo outros, paradoxalmente, sendo mortos por idéias ou ilusões que lhes dão uma razão para viver - razões para viver são também excelentes razões para morrer. Concluo, portanto, que o sentido da vida é a mais urgente das questões' (Albert Camus, The myth of sisyphus, 1955).
Eu me atrevo a dizer que o fantasma que nos assusta e que nos causa pesadelos mesmo antes de adormecer, o fantasma que nos faz contar, apressados, os anos que ainda nos faltam para a aposentadoria, é a absoluta falta de amor e paixão, o absoluto enfado das rotinas do professor. E por mais força que façamos, não descobrimos aí uma razão para viver e morrer."
(Rubem Alves, Conversas com quem gosta de ensinar. Pp. 27-28)
Acho que não conseguiria, hoje, escrever algo que ilustrasse melhor o que penso a respeito da paixão, seja ela pelo ato de ensinar ou pela vida. Então, faço minhas as palavras do Rubem Alves.
Ah! Como a paixão é doce. Somente os apaixonados sabem viver e morrer. Somente os apaixonados, como D. Quixote, vislumbram batalhas e se entregam a elas. A paixão é o segredo do sentido da vida. E que outra questão mais importante poderá haver? Dizia Camus que o único problema filosófico realmente sério é 'julgar se a vida é digna ou não de ser vivida'.
E ele comenta que, diante de tal questão, todos os problemas fácticos, científicos, perdem o seu sentido. 'Nunca vi ninguém morrer pelo argumento ontológico', ele diz. E Galileu fez muito bem em se retratar perante a Inquisição. Porque a verdade científica não valia uma vida. 'Se a Terra gira em torno do Sol ou se o Sol gira em torno da Terra, é uma questão de profunda indiferença.' 'Por outro lado', ele continua '(...) vejo muitas pessoas morrerem porque julgam que a vida não é digna de ser vivida. Vejo outros, paradoxalmente, sendo mortos por idéias ou ilusões que lhes dão uma razão para viver - razões para viver são também excelentes razões para morrer. Concluo, portanto, que o sentido da vida é a mais urgente das questões' (Albert Camus, The myth of sisyphus, 1955).
Eu me atrevo a dizer que o fantasma que nos assusta e que nos causa pesadelos mesmo antes de adormecer, o fantasma que nos faz contar, apressados, os anos que ainda nos faltam para a aposentadoria, é a absoluta falta de amor e paixão, o absoluto enfado das rotinas do professor. E por mais força que façamos, não descobrimos aí uma razão para viver e morrer."
(Rubem Alves, Conversas com quem gosta de ensinar. Pp. 27-28)
Acho que não conseguiria, hoje, escrever algo que ilustrasse melhor o que penso a respeito da paixão, seja ela pelo ato de ensinar ou pela vida. Então, faço minhas as palavras do Rubem Alves.
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