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Nada de nada.

Estava em busca da letra de uma música da Edith Piaf que ilustra perfeitamente este meu momento, que diz, em certo momento "nada de nada me acontece...", mas não achei - procurei pouco, na verdade. Tô sem paciência pra catar coisas na internet. Mas, nessa busca, achei outra, que não podia deixar de colocar aqui:

Não! Eu não lamento nada

Não! Nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal - isso tudo me é bem igual!

Não, nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Está pago, varrido, esquecido
Não me importa o passado!

Com minhas lembranças
Acendi o fogo
Minhas mágoas, meus prazeres
Não preciso mais deles!

Varridos os amores
E todos os seus "tremolos"
Varridos para sempre
Recomeço do zero.

Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...!
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal, isso tudo me é bem igual!

Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...
Pois, minha vida, minhas alegrias
Hoje começam com você!

Acho essa uma das canções mais lindas que conheço, mais ainda unida à interpretação de Piaf. Pouco sabia sobre ela antes de ver o filme (Piaf - Um hino ao amor), só ter sido uma das mais populares cantoras francesas, e conhecia algumas poucas músicas... O filme, além de ser bem feito e lindo fotograficamente, me fez pensar no quanto a paixão é importante quando se faz algo. A maneira como Piaf ama e se entrega ao ato de interpretar as canções (perfeitamente representada pela atriz Marion Cotillard) é impressionante e emocionante: a necessidade de cantar, mesmo quando o corpo é fraco e mal se sustenta em pé.
É essa paixão de que sinto falta às vezes. De não fazer as coisas automaticamente, mas por necessidade, por não ter escolha, porque só assim me sentirei inteira.
Meu pai é acordeonista, e, certamente, é apaixonado. É visível a alegria dele ao abrir a gaita.
E eu, há tempos não sinto isso.

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