Pular para o conteúdo principal
Há um gato preto
prostrado diante de mim
um enorme gato preto, de orelhas grandes e olhos amarelos
Deveria eu sentir-me intimidada por seu olhar curioso e profundo?
Não, certamente não...
porque o gato preto
enorme
das grandes orelhas
mantém o amarelo de seus olhos fixos no marrom dos meus
não para que meus dias piorem,
nem para que eu perca algo, ou mesmo me perca
Há carinho em suas pupilas
mesmo quando o gato não ronrona, não me toca, nem ao menos aproxima-se
há gratidão em sua fala,
o miado raro e doce.
Há força, e também ingenuidade
no pulo brincalhão e no agarrar rápido ao meu vestido.
É, o gato preto já pegou no sono a essa hora.
E seus sonhos de gato parecem o fazer sorrir.



Pro Sofi.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Balada de Agosto Lá fora a chuva desaba e aqui no meu rosto Cinzas de agosto e na mesa o vinho derramado Tanto orgulho que não meço O remorso das palavras Que não digo Mesmo na luz não há quem possa Se esconder do escuro Duro caminho o vento a voz da tempestade No filme ou na novela É o disfarce que revela o bandido Meu coração vive cheio de amor e deserto Perto de ti dança a minha alma desarmada Nada peço ao sol que brilha Se o mar é uma armadilha Nos teus olhos (Zeca Baleiro)
Professar, profetar, procurar Pouco a pouco adentrar Pequeno, grande, infinito particular Muitas mentes, muitas vidas Muita alma pra explorar. Ser, viver, humanizar. Ser brincante, ensinante E aprendente no flutuar.

Elurofilia

O gato é uma lição Já viu gato amestrado, de chapeuzinho ridículo, obedecendo às ordens de um pilantra que vive às custas dele? Não! Até o bondoso elefante veste saiote e dança a valsa no circo. O leal cachorro no fundo compreende as agruras do dono e faz a gentileza de ganhar a vida por ele. O leão e o tigre se amesquinham na jaula. Gato não. Ele só aceita uma relação de independência e afeto. E como não cede ao homem, mesmo quando dele depende, é chamado de arrogante, egoísta, safado, espertalhão ou falso. "Falso", porque não aceita a nossa falsidade com ele e só admite afeto com troca e respeito pela sua individualidade. O gato não gosta de alguém porque precisa gostar para se sentir melhor. Ele gosta pelo amor que lhe é próprio, que é dele e ele o dá se quiser. Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não entende o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa essa relação precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se rela