Pular para o conteúdo principal

Há olhares mornos,
doces,
tristes,
cansados...
Que lírica, pura, mansamente...
Instigam,
provocam,
tocam,
chamam.
Olhares de quem é só.
Solitariamente retratado.
Olhares cuja luz
procura alguma compreensão,
alguma cumplicidade,
alguns outros olhares
que mostrem algo melhor pra se desejar.
Há mãos e pele
cujo tempo castigou e imprimiu seus sulcos,
ainda mais razão pra tais olhares
Olhares sós e verdadeiros,
doloridos ou esperançosos...
Pode haver dor,
Pode haver dúvida,
Pode haver medo,
Mas, ainda há uma busca,
Junto a um constante desconforto,
há a constante necessidade de criar.
Se, assim, houver uma maneira
de se fazer ver e compreender
o olhar que mantém-se escondido,
esta maneira se mostra a forma,
a pincelada que dá a luz àqueles olhares.
E abre a alma de quem às vezes se perde
Mas procura se reencontrar
E reencontrar sua tênue estrada
Andando e buscando solitariamente
através do belo caminho das cores.



Escrevi isso pro trabalho de pintura da Carina, uma amiga querida e que tem um trabalho muito bom. Assim que tiver uma imagem, posto aqui.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Balada de Agosto Lá fora a chuva desaba e aqui no meu rosto Cinzas de agosto e na mesa o vinho derramado Tanto orgulho que não meço O remorso das palavras Que não digo Mesmo na luz não há quem possa Se esconder do escuro Duro caminho o vento a voz da tempestade No filme ou na novela É o disfarce que revela o bandido Meu coração vive cheio de amor e deserto Perto de ti dança a minha alma desarmada Nada peço ao sol que brilha Se o mar é uma armadilha Nos teus olhos (Zeca Baleiro)
Professar, profetar, procurar Pouco a pouco adentrar Pequeno, grande, infinito particular Muitas mentes, muitas vidas Muita alma pra explorar. Ser, viver, humanizar. Ser brincante, ensinante E aprendente no flutuar.

Elurofilia

O gato é uma lição Já viu gato amestrado, de chapeuzinho ridículo, obedecendo às ordens de um pilantra que vive às custas dele? Não! Até o bondoso elefante veste saiote e dança a valsa no circo. O leal cachorro no fundo compreende as agruras do dono e faz a gentileza de ganhar a vida por ele. O leão e o tigre se amesquinham na jaula. Gato não. Ele só aceita uma relação de independência e afeto. E como não cede ao homem, mesmo quando dele depende, é chamado de arrogante, egoísta, safado, espertalhão ou falso. "Falso", porque não aceita a nossa falsidade com ele e só admite afeto com troca e respeito pela sua individualidade. O gato não gosta de alguém porque precisa gostar para se sentir melhor. Ele gosta pelo amor que lhe é próprio, que é dele e ele o dá se quiser. Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não entende o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa essa relação precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se rela